“Já está virando tradição.” É assim que os moradores, turistas e comerciantes do Centro Histórico de Salvador e da orla definem o ato de urinar nas ruas da cidade. Isso tudo pela pouca quantidade de banheiros químicos em locais turísticos, como o Pelourinho.
De acordo com as pessoas que utilizam os banheiros frequentemente, os que estão disponíveis são muito sujos. “Ninguém tem coragem de entrar nesses banheiros imundos, além de não ter papel higiênico, tem que ter estômago para usar eles.”, reclama o vendedor de picolés, Antônio Carlos da Silva, que trabalha há mais de 30 anos no Pelourinho.
Compartilhando da mesma opinião, o pedreiro Álvaro Sousa revela que já urinou nas ruas por não encontrar nenhum banheiro químico próximo a ele. “Quando dá aquele aperto, não tem como segurar, não é mesmo? Sei que é errado, mas não temos muita opção.”, conta.
Prezando pela consciência e educação, o vendedor de água Roberto Silva, acredita que a falta de educação é o maior motivo do mau cheiro nas ruas de Salvador. “Não é só a falta de banheiros químicos que deixam as ruas do Centro Histórico com um forte odor de urina, o povo precisa aprender que lugar de fazer necessidades básicas é no banheiro. Sei que os banheiros passam por limpeza diariamente, mas o povo não cuida.”, diz.
A mesma situação acontece na praia da Barra, próximo ao Forte São Diogo, onde existem apenas dois banheiros químicos e que estão completamente sujos por conta do descaso das pessoas. “Esses dois banheiros vivem sujos, mas são limpos diariamente. Como eles estão em situação precária, as pessoas acabam urinando nas pedras que ficam próximas ao mar. Entretanto, é preciso ser colocados mais banheiros químicos na orla e no Pelourinho”, relata o comerciante Carlos Nascimento.
O turista paulista Clóvis Bittencourt acredita que a falta de banheiros não justifica a atitude de urinar nas ruas. “As pessoas que fazem esse tipo de coisa já são adultas e sabem que isso é errado. Existem várias outras formas, como utilizar os banheiros de restaurantes ou lanchonetes”, sugeriu.
Clarindo Silva, empresário dono do restaurante Cantina da Lua, no Terreiro de Jesus, relata que já é costume os turistas pedirem para utilizar o banheiro de seu estabelecimento. “Não cobro nada por isso, mas existem alguns restaurantes aqui no Pelourinho que cobram até R$ 3 dos turistas. Só no último sábado, 114 pessoas que não estavam consumindo na Cantina da Lua utilizaram o banheiro do meu restaurante. É preciso aproveitar os prédios públicos e transformá-los em grandes sanitários, com fraldários, por exemplo. A necessidade por banheiros é cada vez mais extrema em toda cidade.”, reivindica.
Segundo a Limpurb, responsável pelos banheiros químicos de Salvador, existe equipamentos instalados na Praça do Regue (2), Praça Tereza Batista(2), Berro d’Agua(2), Praça Pedro Arcanjo (2), Terreiro de Jesus ( 2). Nas terças-feiras, quando há realização da bênção são instalados mais seis sanitários químicos.
Ainda de acordo com o órgão, a limpeza com lavagem, sucção e higienização é efetuada diariamente, no início da manhã. “Novos projetos estão em análise através da nova diretoria da SEOP/Limpurb. Além disso, diversas campanhas educativas já foram realizadas no Pelourinho e na Orla Marítima.”, diz a nota, enviada pela assessoria de comunicação da Limpurb.