A cada três novos profissionais da construção civil formados em Campinas, apenas um se mantém empregado na cidade. Apesar do boom imobiliário e do déficit de 20% de mão de obra, os empregados têm migrado para outras regiões do país e também se mantido na informalidade. Os dados foram obtidos em uma pesquisa encomendada pela regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sindusconsp) que analisou o perfil dos profissionais nos últimos dois anos.
“A migração ocorre por uma lógica de mercado. A região Nordeste, por exemplo, é onde ocorreu o maior crescimento no ano passado. Quem fica na informalidade tem aquela ideia de que irá ganhar mais, e como a fiscalização do setor é precária, se mantém desta forma” explica o diretor do sindicato, Márcio Benvelutti.
A pesquisa foi realizada com três mil profissionais que realizaram cursos gratuitos de qualificação profissional no Senai, oferecidos em parceria com o sindicato. A divisão entre os setores foi praticamente igual. O não-ingresso no mercado formal de Campinas acarreta na elevação do custo das obras. "Há uma disputa. Quem precisa, tem que pagar. O mercado está aquecido. A rotatividade de funcionários é enorme, o processo de contratação é contínuo", diz Mário Paradella, dono de uma construtora.
Os profissionais são valorizados, mas também sofrem com a sobrecarga de trabalho. “Como o cronograma não pode atrasar, se começa a fazer três turnos, horas extras, exigindo dez, doze horas de serviço diário. Só este ano, em Campinas, foram registradas três mortes”, completa Benvelutti.
O mercado de construção civil em Campinas emprega atualmente 22 mil pessoas, em diversas áreas. Ao menos outras quatro mil vagas se mantém abertas. Os cursos oferecidos pelo Senai têm duração média de três meses, mas podem chegar até a um ano e meio, como no de mestre de obra.
Como forma de manter os profissionais em Campinas, o sindicato tem incentivado que as empresas peçam a qualificação dos funcionários já com a promessa de que irão se manter empregados na cidade. Muitas vezes, contudo, a própria empresa favorece a migração. “Não temos como prender as pessoas aqui. Hoje as empresas são nacionais, têm obras em todos os cantos. Antes tínhamos o próprio profissional com a ideia de voltar para o seu estado de origem. A situação mudou”, finaliza Benvelutti.