O indicador de nível de atividade na indústria da construção brasileira somou 44,5 pontos em junho, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (23). Foi o sétimo mês seguido abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que revela "queda" da atividade no setor.
De acordo com a entidade, o levantamento foi feito com 534 empresas do setor, sendo 167 pequenas, 239 médias e 128 grandes, entre 1º a 11 de julho de 2014.
"Quando comparado ao nível usual para o mês, o desaquecimento já é percebido há 26 meses. O indicador do nível de atividade efetivo em relação ao usual situou-se em 41,7 pontos em junho, o menor da série histórica iniciada em dezembro de 2009", acrescentou a CNI.
Já a chamada "utilização da capacidade de operação", ou seja, nível de uso do parque operacional do setor da construção civil, caiu um ponto percentual em em junho, na comparação com maio, atingindo 69% no mês passado. "Esse desempenho negativo está em linha com a desaceleração da economia brasileira", avaliou a CNI.
Margem de lucro
No segundo trimestre do ano, o indicador de margem de lucro operacional da construção civil ficou em 41,4 pontos e o de situação financeira recuou para 45,1 pontos, ambos abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que demonstra a "insatisfação dos empresários". "A avaliação desses quesitos no segundo trimestre foi a pior desde que a pesquisa foi iniciada", informa a CNI.
Além disso, o indicador de acesso ao crédito alcançou 37,9 pontos, abaixo da linha divisória dos 50 pontos, que separa a dificuldade da facilidade para obtenção de financiamentos. "Ao se afastar significativamente dos 50 pontos, o indicador revela que a percepção de dificuldade de acesso ao crédito se disseminou pela indústria da construção", informou a entidade.
Dificuldades e expectativas
A pesquisa informa ainda que cresceram as dificuldades das empresas com a inadimplência dos clientes e com os juros elevados. Entre os principais problemas enfrentados pelo setor, as menções sobre a inadimplência dos clientes aumentou de 15,7% no primeiro trimestre para 21,4% em junho.
As assinalações da elevada taxa de juros subiram de 18% para 22,5%, informou a CNI, mas o principal problema do setor, com 46,9% das respostas, continua sendo a "elevada carga tributária", seguida da "falta de trabalhador qualificado", com 34,2% das menções.
Com relação às expectativas, o indicador sobre a evolução do nível de atividade para os próximos seis meses ficou em 51,2 pontos em julho, e o de expectativa em relação a novos empreendimentos foi de 50,3 pontos, praticamente sobre a linha divisória dos 50 pontos, que separa a previsão de aumento da estimativa de queda.
"Os indicadores de compras de insumos e de matérias-primas e de evolução do número dos empregados ficaram levemente abaixo dos 50 pontos. Não há mais entre os empresários o otimismo observado nos anos anteriores. Entre as grandes empresas há expectativa de queda nos novos empreendimentos e serviços, na compra de insumos e matérias-primas e no número de empregados nos próximos seis meses", informou a CNI.