O Banco Central (BC) aumentou de 0,8% para 0,9% sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. A estimativa consta do relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta-feira (26).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Apesar da revisão para cima, a instituição continua prevendo desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira em 2019 pois, no ano anterior, o PIB cresceu 1,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No primeiro trimestre de 2019, a economia brasileira encolheu 0,2% mas, entre abril e junho, houve recuperação uma vez que foi registrado crescimento de 0,4% nesse período – o que afastou a recessão técnica, que se caracteriza por dois trimestres seguidos de queda da atividade.
De acordo com a instituição, o resultado melhor que o esperado para o PIB do segundo trimestre de 2019 favoreceu o "carregamento estatístico para o ano corrente, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual".
"A projeção ora apresentada considera ritmo de crescimento ainda lento no terceiro trimestre, em linha com indicadores coincidentes divulgados até o momento, e aceleração no quarto trimestre, para a qual deve contribuir o impulso das liberações extraordinárias de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (Pis)/ Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público (Pasep)", acrescentou.
A expectativa do Banco Central para o crescimento da economia brasileira neste ano está um pouco acima do que acredita o mercado financeiro. Pesquisa feita pelo próprio BC na semana passada com mais de 100 bancos mostra que previsão é de uma alta de 0,87% no PIB neste ano.
Previsão para 2020
O BC também divulgou, pela primeira vez, sua previsão para o crescimento do PIB em 2020, que é de 1,8% de alta.
"Ressalte-se que essa perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira e pressupõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual", informou.
Expectativas de inflação
O Banco Central também informou a estimativa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou de 3,6% para 3,3% este ano. A previsão considera a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo.
O BC reduziu, ainda, com base no cenário que considera as estimativas do mercado para taxa de juros e câmbio, a previsão para o IPCA de 2020 de 3,9% para 3,6%. Para 2021 e 2022, nesse cenário, a instituição projetou uma inflação de 3,7% e 3,8%, respectivamente. Com isso, o BC vê a inflação abaixo de 4% até o fim do governo Bolsonaro, em 2022.
No cenário com taxa de juros e câmbio fixos (em 6% ao ano e R$ 4,05), a inflação estimada pelo BC ficaria em 3,4% neste ano, em 3,6% em 2020, em 3,7% em 2021 e em 3,9% em 2022. Em junho de 2019 (previsão anterior), a expectativa do BC, nesse cenário, era de que a inflação somaria 3,6% no fechamento de 2019 e 3,7% em 2020.
A meta central deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75%. Para 2020, o mercado financeiro manteve em 4% a estimativa de inflação. No ano que vem, a meta terá sido oficialmente cumprida se a inflação oscilar entre 2,5% e 5,5%.
Definição da taxa de juros
As estimativas do BC para o Produto Interno Bruto e para a inflação ajudam a instituição na definição da taxa básica de juros, atualmente na mínima histórica de 5,5% ao ano.
A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento das metas de inflação, fixadas todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Recentemente, por meio da ata da última reunião do Copom, o BC indicou que deve promover novo corte nos juros básicos da economia em sua próxima reunião.
Até momento, a aposta de grande parte do mercado, segundo pesquisa feita com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de que a taxa Selic termine 2019 em 5% ao ano.