Esfriou ou não? O que dizem os dados da economia no final de 2019

As primeiras divulgações de dados do ano, referentes à atividade da economia no final do ano passado, acenderam um sinal amarelo no mercado financeiro.

Indicadores de indústria, serviços e comércio varejista de novembro decepcionaram analistas, que esperavam um desempenho melhor dos setores.

Já na quinta-feira (16) veio o IBC-Br daquele mês, lido como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), mas que em vez de refletir esse cenário de frustração, acabou surpreendendo para cima: a alta foi de 0,18% sobre o mês anterior, ante uma queda média de 0,1% esperada por analistas.

“Isso mostra que a recuperação está acontecendo, mas em ritmo ainda lento, não sendo possível ver uma recuperação exuberante ainda em 2020”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, concorda com essa visão e diz que os dados fracos de novembro não indicam uma tendência de piora:

“A aceleração gradual não é linear. A atividade vai acelerando, mas cai num mês, sobe no outro. Há volatilidade normal desses dados na frequência mensal”, diz. A instituição espera que esses três setores voltem a apresentar uma nova queda em dezembro.

Ambas as instituições esperam que PIB cresça 2% neste ano. A expectativa do mercado medida pelo Boletim Focus, do BC, é de um avanço um pouco maior, de 2,3%. A economia cresceu próximo de 1,1% em 2017, 2018 e 2019.

A explicação para a aparente contradição entre os dados é que o IBC-Br dá uma leitura mais linear da economia ao longo do tempo, sem refletir tanto os altos e baixos dos dados setoriais.

“O índice do BC incorpora bastante informação e, por isso, tende a ser menos volátil do que outros indicadores. Qualquer coisa que acontece na indústria, por exemplo, dá um chacoalhão nos números. Com serviços acontece a mesma coisa”, diz Gustavo Arruda, economista do BNP Paribas responsável pelo Brasil.

Uma das consequências da leitura mais frágil da economia foi um reforço na perspectiva de um novo corte da Selic na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).

“O dado veio na medida certa para que o Copom ainda tenha incentivos para cortar os juros em fevereiro”, diz Felipe Silveira, analista da Capital Research em nota aos clientes.

Por ser uma prévia mensal do PIB, o índice do BC ajuda instituições financeiras a tomar decisões com relação a câmbio e juros sem terem que esperar as divulgações trimestrais sobre a atividade econômica pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Acreditamos que o bom resultado do IBC-Br de novembro não seja suficiente para compensar os resultados mais fracos dos principais indicadores do mês. Assim, acreditamos que o BC deva entregar mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic em fevereiro”, diz a XP em nota.

Sinais de fraqueza
A indústria foi a primeira decepção, na quinta-feira (09). Após três meses de recuperação, a produção industrial recuou 1,2% em novembro ante outubro e 1,7% ante novembro de 2018. A expectativa já era de recuo, porém menor, de 0,7% na comparação mensal.

Nesta terça-feira (14) saíram os dados de serviços, mais uma ducha de água fria. Após dois meses de alta, o setor recuou 0,1% em novembro na comparação com outubro.

Em relação a novembro de 2018 houve alta de 1,8% e o resultado foi positivo em 0,9% no acumulado de 2019. O volume, no entanto, segue 9,8% abaixo daquele registrado em novembro de 2014.

Na quarta-feira (15), foi a vez de o comércio varejista decepcionar. Apesar da 7ª alta seguida, o volume de vendas cresceu 0,6% em novembro sobre outubro, metade do esperado pelo mercado, e 2,9% na comparação com novembro de 2018.

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