Após vários dias sombrios, uma brisa de esperança varria os mercados financeiros nesta terça-feira (24), com os anúncios do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos e sinais de melhora na área da saúde.
O Fed anunciou na segunda-feira (23) uma nova série de medidas — incluindo a compra ilimitada de títulos e dispositivos de apoio às empresas — para salvar a maior economia do mundo das terríveis consequências da pandemia de Covid-19.
"O cheque em branco do Fed, ineficaz para tranquilizar os mercados ontem (segunda-feira), pode surtir efeito quando o Congresso dos Estados Unidos chegar a um acordo sobre o plano de apoio à economia", estimou em nota Tangi Le Liboux, estrategista na Aurel BGC.
No momento, a Casa Branca e os legisladores não conseguiram chegar a um acordo para uma primeira votação sobre o gigantesco pacote de ajuda, mas as negociações continuam para alcançar uma votação nesta terça-feira no Senado.
Assim, em um ambiente muito mais otimista, a Bolsa de Tóquio deu um salto nesta terça ( 7,13% no fechamento), graças principalmente à queda do iene, às intervenções do Banco do Japão (BoJ) e às medidas do Fed.
As Bolsas chinesas também encerram em alta de 2 a 4%, e as praças europeias abriram no positivo.
No início das operações, o Dax 30 de Frankfurt subia 5,91%, o CAC-40 de Paris, 4,4%, o FTSE 100 de Londres, 3,8%, o IBEX 35 de Madri, 3,3% e o FTSE MIB de Milão, 3,5%.
— Melhoria na China e na Itália —
Por outro lado, os esforços de coordenação internacional devem começar a dar resultados.
Rompendo um antigo tabu, os países da União Europeia (UE) autorizaram na segunda-feira a proposta da Comissão Europeia de suspender as regras de disciplina orçamentária para permitir aos governos aumentar seu gasto público e enfrentar o coronavírus.
Contudo, enquanto mais de 1,7 bilhão de pessoas estão confinadas em todo o mundo, o balanço da epidemia superando os 16.000 mortos, o FMI alertou que a recessão mundial pode ser pior este ano do que durante a crise financeira de 2008.
Mas a esperança vem "dos sinais de melhora em Wuhan e na Itália", o que "poderia ajudar os mercados, ainda que vários países ainda estejam distantes do pico epidêmico", assegura Le Liboux.
A cidade chinesa de Wuhan (centro), berço da epidemia de Covid-19, vai acabar com as restrições aos deslocamentos em 8 de abril, depois de mais de dois meses de confinamento.
Por sua vez, a Itália registrou na segunda-feira uma segunda queda consecutiva no número de mortos e de novos casos positivos, alimentando uma prudente esperança de uma desaceleração da pandemia, que já fez 6.000 mortos no país.
No mercado de câmbio, o euro, que já se valorizou em relação ao dólar na segunda-feira após as novas medidas do Fed, valia 1,0842 às 03h50, contra US$ 1,0743 na segunda-feira às 16h00.
Os preços do petróleo, derrubados pela crise de saúde e divergências entre os produtores, também se recuperavam.
Às 3h45, o barril WTI, referência nos Estados Unidos, subia 4,54%, a US$ 24,41, e o barril de Brent do Mar do Norte aumentava 4,11%, a US$ 28,14.
E o mercado da dívida permanece estável.