O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a Selic, taxa básica de juros, em 6,50% ao ano na reunião encerrada nesta quarta-feira, 19. Com isso, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Foi a décima manutenção consecutiva da taxa nesse patamar.
Apesar dos dados fracos de atividade divulgados recentemente, a decisão de era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 56 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic no nível atual.
Ao justificar a decisão, o BC avaliou que a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. -O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019 e, principalmente, de 2020-, completou o documento.
O BC evitou dar sinalizações claras sobre as próximas decisões do colegiado. O comunicado apenas repetiu que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
Projeção para a inflação
No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado – que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2019 de 4,1% para 3,6%. No caso de 2020, a expectativa passou de 3,8% para 3,9%.
No cenário de referência, em que o BC utilizou nos cálculos uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,85, a projeção para o IPCA em 2019 passou de 4,3% para 3,6%. No caso de 2020, o índice projetado foi de 4,0% para 3,7%. As projeções anteriores constaram na ata do encontro de maio do Copom.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%).
Mercado já espera novo ciclo de cortes
O último relatório Focus, que reúne estimativas de analistas do mercado financeiros, divulgado na última segunda-feira, 17, já trazia uma revisão para baixo nas projeções para a Selic no fim deste ano: a mediana das previsões para passou de 6,50% para 5,75% ao ano. Há um mês, estava em 6,50%. Já a projeção para a Selic no fim de 2020 foi de 7,00% para 6,50% ao ano, ante 7,25% de quatro semanas atrás.
Os analistas acreditam que o Copom fará três cortes consecutivos da Selic em 2019, a partir de setembro
No dia 8 de maio, o Copom indicou que o risco de uma inflação menor devido ao fraco desempenho econômico havia se elevado desde a reunião anterior, em março. A instituição reiterou, porém, que manteria "cautela, serenidade e perseverança" em suas próximas decisões, "inclusive diante de cenários voláteis".