Charles Silva da Silva cresceu admirando a profissão do pai. O garoto sonhava com o dia em que também se tornaria pedreiro e poderia construir casas. Aos 21 anos, ele ainda persegue esse objetivo. O rio-pardense é um dos serventes mais jovens a trabalhar em uma obra no Bairro Santo Antônio, em Santa Cruz do Sul. Enquanto Charles divide espaço com outros profissionais com idade mais avançada, a indústria da construção discute como encontrar formas de atrair mais jovens como ele para o setor. A falta de trabalhadores nessa faixa etária intensifica o problema da escassez de mão de obra qualificada na construção civil.
“Meu pai era pedreiro e carpinteiro. Por isso, eu sempre quis seguir essa profissão. Ainda preciso me atualizar e vou aprendendo aqui”, conta o jovem que há dois anos trabalha na construção civil. A transformação dos canteiros de obras em locais de aprendizado é algo que o carpinteiro Adair de Figueiredo Pinto, 51 anos, tem visto se intensificar. Diferente da maioria dos jovens que ingressa hoje no ramo, ele aprendeu o ofício com o tio quando ainda era adolescente. “Não fiz curso nenhum. Aprendi trabalhando. Hoje muita gente faz curso, mas não tem a prática”, diz.
O perfil de Adair é o que ainda domina as construções, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção e do Mobiliário em Santa Cruz do Sul. Mas com a aposentadoria de parte desses trabalhadores, as empresas têm encontrado dificuldade para substituir essa mão de obra. “Antes o pai levava o sobrinho, o filho, com 12, 13, 14 anos para a obra. Quando tinha 25 a 30 anos, ele praticamente era um profissional formado, mesmo sem curso. Ele tocava a obra desde a fundação até o telhado”, explica o presidente do sindicato, Hardi Inácio Assmann.