Shoppings e restaurantes fechados, aeroportos vazios, grandes cidades sem engarrafamentos e cinemas às moscas mostram que, com o avanço do coronavírus, a economia brasileira realmente parou, num movimento nunca antes visto. Esse impacto real ainda deve demorar a ser medido – os dados oficiais de atividade econômica costumam levar algum tempo para serem compilados -, mas os indicadores que começam a sair já dão uma ideia do que ocorreu com a economia em março.
O faturamento do varejo, por exemplo, teve uma queda de 22,6% no mês passado, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), calculado pela companhia de máquinas de cartão com base nas transações de seus clientes. É um tombo inédito, segundo Gabriel Mariotto, diretor de inteligência da Cielo.
As lojas de produtos essenciais, como supermercados e farmácias, ainda tiveram alta no faturamento em março, mas o segmento de serviços, que inclui salões de beleza, bares e restaurantes e atividades de lazer viu a receita cair à metade na comparação com um ano antes. Os postos de gasolina tiveram queda no faturamento de 20% na comparação anual.
Nos cinemas, onde o público vinha crescendo nas primeiras semanas do ano, apenas 815 pessoas foram assistir a um filme nas salas do País na terceira semana de março, quando as recomendações para se evitar aglomerações começaram a ser ampliadas e mais seguidas. O dado é da consultoria Filme B.
O fluxo aéreo também foi solapado pelos efeitos da pandemia. No Brasil, nos últimos dias de março, 90% dos voos foram cancelados, seguindo um movimento global. O vaivém de aviões caiu pela metade em todo o mundo, segundo Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), informando dados da consultoria Flightradar24. No último dia 31 foram registrados 80,9 mil voos em todo o mundo. Nos dois meses anteriores a média diária foi de 175 mil voos.