Projetistas, designers e empreendedores não cessam de criar novas formas de abordar o conceito de sustentabilidade para criar tecnologias e negócios criativos e atraentes. Desde 2008, está em circulação no Brasil um modelo de negócios no mínimo curioso: lojas em contêineres de navios.

Esse é o alicerce básico da rede de franquias Container, fundada pelo empresário André Krai. Ele conta que, numa viagem a Cingapura em 2008, ficou intrigado com um modelo de negócios que encontrou. Andando pelas ruas, comprou um tênis de um estande de metal. Pouco tempo depois, voltou para trocar a mercadoria e viu que a loja não estava mais lá. "Era uma ação de vendas que mudava de lugar a cada dia. Achei muito interessante, porque ocupava um espaço vazio da cidade", conta.

Inspirado pelo modelo de negócios, André descobriu que, no Brasil, os contêineres de navios têm que ser descartados a cada 20 anos e decidiu criar uma alternativa para esse material.

Já no final daquele ano, André havia formatado e patenteado a tecnologia para transformar contêineres de navios em estabelecimentos comerciais completos. A primeira aplicação foi numa negócio do próprio empresário, em Nova Hamburgo (RS). Ele já possuía uma loja comum desde o final da década de 1990 e viu no novo modelo uma forma de ganhar visibilidade.

"A simbiose é sustentabilidade com moda. As araras da loja são de tubos de metais vindos de corrimões de ônibus e de metrô descartados. Em vez do novo, utilizamos o ferro-velho", conta. A loja também usa painéis de energia solar e latões velhos reciclados.

Rede de franquias
Depois dessa primeira experiência, André percebeu que, com a tecnologia desenvolvida, podia encaixotar outras propostas no modelo, vendendo sua expertise para empreendedores na forma de franquias.

O primeiro negócio lançado foi a Container Ecology Store, loja multimarcas de vestuário e a primeira rede de franquias em contêineres do mundo. Até o final de 2012, André tem o objetivo de lançar a primeira unidade internacional da franquia, em Barcelona (Espanha). Aliado a outros projetos sob seu guarda-chuva, a Container tem o objetivo de duplicar seu faturamento até o fim de 2012 e chegar à marca de 100 lojas. Em 2011, a rede alcançou a marca de R$ 12 milhões.

A empresa tem, em fase de lançamento uma franquia de hotéis no modelo de contêineres, além da temakeria Tokiomaki, e a nova Container Concept, loja monomarca voltada para o público masculino que, em 2011, contava já com 13 unidades.

Container Kids
Transpondo o padrão da Container Eco Store para o público infantil, a rede aposta agora na Container Kids, lançada neste mês na feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em São Paulo. Com um custo inicial variando de R$ 150 mil a R$ 200 mil, estarão presentes na loja marcas como Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Polo Ralph Lauren e VR Kids.

O ambiente possui também decoração voltada para a conscientização sobre a reciclagem, com quadrinhos e mensagens, além de brinquedos artesanais feitos de madeira reciclada. Segundo André, trata-se da primeira loja de vestuário infantil multimarcas sob o modelo de franquias no Brasil.

Praticidade
Além do apelo à sustentabilidade, o principal diferencial da marca, para André, é a sua praticidade. Depois de fechado o acordo com os franqueados, os contêineres são encomendados de portos próximos e adaptados por uma equipe de especialistas enviada do Rio Grande do Sul. O material chega ao local cortado e pronto para a montagem da loja, sendo apenas necessária a instalação do mobiliário e equipamentos.

A franquia da Container Eco Store, por exemplo, prevê um prazo de quatro a 15 dias para a montagem de uma loja. André avalia que o método proporciona uma loja até 30% mais barata do que uma convencional. "Eles levaram cinco dias para montar nossas lojas. O que tomou tempo mesmo foi a burocracia com a prefeitura", afirma Maria Augusta Gundes Moura Leite, franqueada de Jaboatão dos Guararapes, na zona metropolitana do Recife.

Sua loja foi aberta em 19 de abril de 2012. "Na feira da ABF, nos atraiu o design arrojado. Tem muita gente que entra na loja só para conhecer", revela.

Ela explica que, depois de um retorno extremamente positivo no primeiro mês, a loja não tem faturado tão bem quanto esperava, embora esteja dentro do nível planejado pela franqueadora para conseguir retorno sobre o investimento – o que deve acontecer no período de 12 a 24 meses.