Com um crescimento econômico que não chegará a 1% em 2019, a equipe do ministro Paulo Guedes resolveu lançar mão de medidas de estímulo ao consumo para turbinar o PIB. A receita vai desde a liberação de depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parado no Banco Central) até a autorização para que os trabalhadores possam sacar recursos do FGTS e do PIS/Pasep. Juntas, as ações significam uma injeção de quase R$ 70 bilhões na economia.
O número, no entanto, pode ser ainda maior. O ministro da Economia já adiantou que o Banco Central vê espaço para liberar um total de R$ 100 bilhões em compulsórios. Ao fazer isso, a autoridade monetária abre caminho para que os bancos concedam mais empréstimos para pessoas e empresas.
Esse tipo de cardápio costuma ser apontado como um instrumento perigoso para promover crescimento e como algo diferente da cartilha liberal que orienta a atual equipe econômica. Isso porque, ao incentivar o consumo, o governo não estaria focado em resolver problemas do lado da oferta, gerando apenas crescimento de curto prazo.
Os técnicos do governo, no entanto, refutam essa ideia. Eles afirmam que as medidas, na verdade, corrigem distorções que existem no mercado brasileiro. No caso dos compulsórios, por exemplo, o governo está preparando uma série de medidas para aumentar a liquidez no mercado, o que abriria espaço para a redução do dinheiro que fica parado no BC.
Eles apontam ainda que, ao liberar dinheiro que já pertence aos trabalhadores, como o PIS e o FGTS, o governo estaria, “mais do que nunca”, usando uma receita liberal. “Não se trata de usar dinheiro público para estímulos, como houve no passado. Esse é um dinheiro do trabalhador, para que ele use como achar melhor”, afirma um técnico do governo.
Mas qualquer que seja a linha de pensamento econômico, a questão agora é saber se essas ações serão suficientes para tirar o PIB de uma estagnação que hoje já flerta com recessão técnica.