O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que estuda taxar dividendos e ganhos de capital, e afirmou que a alíquota deve ficar por volta de 15%.
Ele também declarou que poderá reduzir a alíquota do imposto sobre empresas dos atuais 34% para algo por volta de 15%.
Guedes tem exposto a ideia nos últimos dias em encontros e reuniões em Davos, Suíça, onde participa da reunião anual do Fórum Econômico Mundial junto com o presidente Jair Bolsonaro.
Nesta quarta-feira (23), ele confirmou o patamar da alíquota. "Deve ficar por aí", respondeu.
Uma das principais cobranças de investidores tem sido os passos que o governo tomará para levar a cabo sua agenda reformista e impulsionar o crescimento econômico.
A avaliação geral em Davos é que Bolsonaro e a equipe econômica apresentaram boas metas, em sintonia com o que quer o empresariado.
Mas os executivos e integrantes de organizações internacionais ouvidos pela Folha não estão convictos de que o governo conseguirá passar todas as reformas no Congresso, e por isso esperam entender melhor qual o plano.
Guedes tem aplacado parte desses temores expondo alguns pilares do plano para a Previdência e a para a desburocratização do ambiente de negócios. A proposta de reforma deve ser levada ao Congresso no início de fevereiro, após a cirurgia a que o presidente será submetido.
A decisão de baixar a carga para o setor produtivo faz parte disso. No entanto, segundo um executivo presente nas reuniões com o ministro, ele afirmou que seria impossível escapar, nesse caso, da taxação de dividendos e dos juros sobre ganho de capital, a fim de encontrar algum equilíbrio.
Dois integrantes de organizações internacionais ouvidos pela Folha expressaram dúvidas sobre a capacidade do governo conseguir aprovar as reformas em sua versão completa. De acordo com ambos, é preciso saber quais sãos os planos completos. Um deles lembrou que se trata de uma democracia, e seria preciso negociar.
O ministro, porém, tem mostrado otimismo, afirmando que há consenso entre todos que as reformas precisam ser aprovadas. Caso isso não ocorra, porém, ele pretende propor o fim da obrigatoriedade de gastos do governo federal, desentesando o Orçamento.
A agenda da equipe econômica em Davos tem sido carregada, entre encontros com executivos, empresários e representantes de governos e organizações multilaterais. Guedes tem sido colocado pelo presidente como seu trunfo para trazer investimentos ao país.