Apesar de ter visto sua carteira de crédito cair 3,5% no primeiro semestre, o Itaú Unibanco espera uma recuperação gradual nos próximos balanços. A afirmação foi feita nesta terça-feira (1) por Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do banco, salientando que, apesar da variação negativa, o ritmo de queda do crédito já vem desacelerando.
“Em algum momento, isso vai ser neutralizado”, disse Kopel em teleconferência com jornalistas, um dia após a divulgação dos resultados trimestrais do banco. Ele afirma que a retomada da confiança, ainda que reduzida por causa da piora na crise política, deve elevar a demanda por crédito.
“Na medida em que surge mais demanda por crédito, o crédito vai acelerar”, estima o diretor. “Existe uma mudança gradual na economia, a confiança está gradualmente melhorando. A ideia é que a atividade acompanhe essa mudança gradual. É baseado nisso que a gente vê essa evolução”, afirmou.
No entanto, Kopel diz que ainda não é possível dizer se o desempenho do crédito no ano que vem será melhor que neste ano.
O Itaú Unibanco reduziu suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2017 por causa da piora da crise política após a divulgação das primeiras notícias envolvendo as delações da JBS e o presidente Michel Temer, em maio. A estimativa foi de alta de 1% para 0,3%. Nesta terça, Kopel disse que esses números são “um bom apanhado do que isso pode ter gerado sobre reacomodamento de expectativas”.
Questionado, ele disse que ainda não é possível dizer se uma possível mudança na meta fiscal deste ano, como já admitiu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, poderia impactar novamente as projeções.
Inadimplência e renegociação
Kopel comentou a redução da inadimplência registrada pelo banco no primeiro semestre, apontando a importância da renegociação nesse resultado. O indicador de inadimplência passou de 5,3% para 5,2%, na quinta queda consecutiva. Houve queda no indicador das micro, pequenas e médias empresas, de 5,6% para 5,1%, enquanto o recuo entre as grandes companhias foi de 1,6% para 1,2%.
“A renegociação é um instrumento importante na gestão de carteira”, disse Kopel, citando “negócios de empresas que são viáveis e precisam reestruturar o perfil de suas dívidas para a realidade atual da economia”.
O diretor ressalva que há critérios específicos para fazer renegociações de dívidas. “Você está reestruturando o que é viável, fazendo um ajuste à nova realidade da economia, e não tentando comprar tempo”, diz.